Na manhã de terça-feira, encontrei um envelope de papel reciclado enfiado sob a porta.
O nome estava escrito à mão: Allegra Bianchi.
Achei que fosse engano. Talvez uma brincadeira de Sophia. Mas quando abri, o coração tropeçou.
"Convidamos você para a abertura da exposição coletiva ‘Vidas Rascunhadas’, uma celebração de artistas que reencontraram o traço perdido. Galeria Montclair – sexta, às 19h. Traga seus olhos mais livres."
Não havia assinatura. Nem explicação.
Apenas aquilo: um convite, um sussurro do mundo, uma faísca.
Levei o envelope até a sala, segurando como se fosse um papel mágico.
— Sophia! Isso aqui é real?
Ela tirou os fones de ouvido, deu uma olhada rápida e arqueou uma sobrancelha.
— Ah, isso! Sim… talvez eu tenha enviado alguns dos seus desenhos por e-mail pra uma curadora que eu conheço. Só pra… ver no que dava.
— Você o quê?
— Calma! Eu só tirei foto daqueles rabiscos seus deixados pela casa! O Louis artista, a garçonete com sono, os bancos da praça… coisas lindas.