Faziam oito dias desde a cerimônia em Roma.
O mundo ainda comentava sobre o beijo.
Sobre a dança.
Sobre os olhos de Lucia Mancini brilhando de um jeito que ninguém jamais havia visto.
Mas ela?
Estava em Florença.
Plantando manjericão.
—
Serena apareceu com duas taças de vinho e uma cesta com figos frescos.
— De jardineira a chef. Vai abrir um restaurante, Lucia?
Lucia olhou para as mãos sujas de terra e riu.
— Talvez. Mas só vou servir quem não tentar me matar.
— Então o público será bem seleto.
— Exclusivo, eu diria.
As duas sentaram-se no jardim, entre as ervas, os aromas e o fim de tarde dourado.
Serena mordeu um figo e observou Lucia em silêncio.
— Está diferente.
— Pra melhor?
— Pra inteira.
Lucia encarou a vista. Montanhas distantes, céu tingido de laranja.
— Eu nunca soube o que era viver em paz.
Agora tenho medo que… não dure.
— E se não durar?
— A gente luta. Mas não como antes.
Agora… a luta é ficar.
—
Naquela noite, Lucia escreveu de novo.
Não cartas. Nem relatórios.
Poemas