A água quente não conseguira dissipar a imagem de Elysa que estava queimada atrás das minhas pálpebras. Ao entrar no meu quarto Silas estava sentado no chão, cercado por uma pequena pilha de objetos que claramente tirou da minha velha mala. Ele segurava um pequeno caderno de anotações, capa preta, onde um Ryan mais jovem e idealista rabiscava pensamentos sobre justiça.

Ele não pareceu nem um pouco constrangido.

— Achei seu diário secreto — disse ele, folheando uma página com o dedo. — É bem brega. Muita coisa sobre ‘fazer a diferença’.

Fechei a porta com um click suave. A raiva por ter minha privacidade violada foi um lampejo breve. Nada daquela vida importava mais.

— Não é um diário. São anotações de trabalho — Peguei uma camiseta limpa e a vesti. O tecido cheirava a sabão em pó, um cheiro anormalmente normal.

Silas jogou o caderno de volta para a pilha, com um desdém que era quase carinhoso.