---
Valéria Narrando
O silêncio que se instalou depois do rompante de Matheus foi tão ensurdecedor quanto o barulho da cadeira batendo contra o chão. Todos na sala se entreolharam, surpresos, como se não acreditassem no que tinham acabado de presenciar. Eu mesma senti o coração disparar. A expressão de Otaviano era de puro choque, Pamela parecia engasgada com a própria arrogância, e Clarissa mantinha aquele ar de quem não sabe se levanta ou se finge de morta.
Mas eu não hesitei. Assim que Matheus saiu, me levantei e fui atrás dele. Não havia nada que pudesse me segurar ali.
Encontrei-o no estacionamento, curvado sobre o volante, respirando fundo, como se o ar fosse pouco para tanta raiva. Meu peito se apertou. Eu não sabia o que tinha acontecido lá dentro, mas sabia reconhecer um homem no limite.
Abri a porta do passageiro e entrei sem pedir licença. Não falei nada no primeiro instante. Apenas estendi a mão, toquei sua cabeça e deslizei os dedos pelos cabelos, tentando arr