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Matheus Narrando
A primeira coisa que senti ao despertar foi o calor do corpo dela colado ao meu. Valéria. O cheiro suave do seu cabelo, ainda com um leve perfume de sabonete da noite passada, invadiu meus sentidos antes mesmo de eu abrir os olhos.
Por um instante, fiquei apenas ali, imóvel, ouvindo sua respiração tranquila. A raiva, a frustração, a sensação de sufocamento que me consumia ontem pareciam ter diminuído. Não sumiram, não se apagaram, mas estavam… abafadas. Como se a simples presença dela tivesse se tornado uma muralha entre mim e o caos.
Abri os olhos devagar. O quarto estava mergulhado numa penumbra suave, cortada apenas por feixes tímidos de luz que escapavam pelas frestas da cortina. Olhei para ela. Valéria dormia de lado, os lábios entreabertos, o braço solto sobre meu peito, como se, mesmo em sonhos, quisesse me manter perto.
Um sorriso involuntário se formou nos meus lábios. Um sorriso que ontem eu achava impossível de existir. Passei os dedos devag