Matheus narrando
Dirigi de volta como se o asfalto fosse uma pista de foguete. Nem vi o caminho, não vi semáforos, não vi nada. Só queria chegar em casa. Só queria chegar até ela. Valéria era o único porto seguro que eu tinha depois daquela tempestade que Otaviano tentou jogar sobre mim.
Meu corpo inteiro ainda vibrava com a raiva do que ouvi, mas por baixo disso, havia um medo maior. Medo de que, se eu falasse demais, se eu confessasse tudo o que realmente sinto, Valéria pensasse que era brincadeira. Que eu estava apenas usando-a como válvula de escape. E não era isso. Nunca seria isso.
O carro rugia na pista e, a cada quilômetro, minha ansiedade aumentava. Eu precisava dos braços dela. Precisava da calma que só o carinho dela me dava. Precisava sentir que ainda tinha algo verdadeiro em meio ao caos.
Cheguei na mansão e quase arrebentei a porta da garagem ao estacionar. Subi os degraus como se o chão queimasse. Passei por empregados sem olhar, sem dar boa noite. Nada importava.