Continuação.
Esperei o expediente inteiro passar como se carregasse um peso no peito. Cada segundo parecia me empurrar para uma decisão que eu já sabia que precisava tomar… mesmo que ele fosse me odiar por isso.
Quando o relógio marcou seis e meia, peguei minha bolsa, respirei fundo e saí da empresa sem olhar pra trás.
No caminho, meu celular tremia nas mãos. Digitei a mensagem rápido, sem pensar muito, com os dedos trêmulos.
"Me encontra. Preciso te ver. É importante. Estou no hospital São Vicente, quarto 308."
Não dei muitos detalhes. Sabia que se dissesse o nome dele… Otávio nem viria.
O táxi parecia lento demais. Fiquei encarando a paisagem da cidade passando pela janela, com o coração na garganta. E quando cheguei no hospital, fui direto até o andar indicado.
O quarto estava silencioso. Apenas o som das máquinas e a respiração fraca de um homem que, mesmo com os fios de cabelo grisalhos e o rosto envelhecido, ainda carregava traços inconfundíveis de quem um dia fora o pai