Continuação.
O dia tinha passado como um borrão.
Planilhas, e-mails, relatórios… uma enxurrada de tarefas que eu me obriguei a fazer sem parar. Sem respirar. Sem pensar.
Se eu me ocupasse o bastante… talvez o vazio no peito diminuísse.
Talvez eu esquecesse o gosto amargo daquela briga.
Olhei o relógio no canto da tela: 19h32.
Suspirei, esfregando os olhos cansados. Só então percebi que a sala de Otávio estava completamente apagada… Vazia.
Nem tinha percebido quando ele tinha ido embora.
E, de novo… aquela angústia.
Aquele peso no estômago, como se eu tivesse levado outro fora, sem nem saber.
Peguei minha bolsa e desci devagar até a portaria, onde fiquei esperando o carro do meu pai encostar. O vento da noite estava gelado, e eu me abracei, encolhida no banco da frente do prédio.
Meu corpo tremia.
Mas não era só de frio.
Uma mistura de cansaço, culpa… e a fome que eu só percebi agora.
O mundo pareceu girar por um segundo, e precisei me apoiar no corrimão pra não perder o