Capítulo 5

Continuação.

Segurei o livro com as mãos trêmulas, folheando páginas que contavam segredos de sua existência. Cada linha revelava mais sobre seus poderes sobrenaturais, sua força inumana e crueldade, e, por um instante, meu corpo gelou.

— Você está lendo tudo isso com tanta naturalidade… — murmurou ele, inclinando-se levemente para frente, os olhos vermelhos fixos em mim. — Impressionante. Eu esperava gritos, desmaios… qualquer coisa.

— Não gritei porque estou tentando… — disse, engolindo em seco — manter a calma! — Completei, tentando parecer firme, mas minha voz soou mais nervosa do que pretendia.

Ele soltou uma risada rouca, divertida e arrogante ao mesmo tempo.

— Hahaha… calma? Você parece mais divertida do que assustada, humana. — Ele piscou, sarcástico. — Então você realmente quer conhecer o Diabo pessoalmente, não é?

Virei mais uma página, sentindo meu coração disparar. O livro detalhava fraquezas que, se usadas com astúcia, poderiam me dar alguma vantagem. Mas também mostrava o quanto ele podia ser cruel, manipulador… e tentador.

— Isso aqui… — murmurei, apontando para uma linha que falava sobre como ele controlava o ambiente à vontade. — Você é praticamente… onipresente!

Ele arqueou uma sobrancelha e sorriu torto.

— Onipresente? — repetiu, zombeteiro. — Ah, humana atrevida… ainda acha que pode me desafiar? Impressionante!

— Desafiar não, — respondi, mordendo o lábio e tentando não tremer. — Mas… pelo menos tentar sobreviver às suas artimanhas já é um começo!

Ele riu baixo, inclinando-se mais perto, os olhos vermelhos queimando.

— Sobreviver? Que divertido… você realmente gosta de viver perigosamente, não é? — disse, com uma voz sedutora e ameaçadora ao mesmo tempo. — Mas cuidado… o Diabo não gosta de ser subestimado.

Eu engoli em seco, sentindo um frio na espinha, mas não consegui evitar soltar uma risada nervosa. Ele era aterrorizante, poderoso e manipulador… mas havia algo de cômico e desafiador em estar ali, lendo sobre ele e ao mesmo tempo provocando.

— Pois então, Valentae — murmurei, fechando o livro por um instante — espero que você esteja pronto para lidar com uma humana que não desiste fácil.

Ele soltou uma risada rouca, inclinando a cabeça para trás, e finalmente sussurrou:

— Hahaha… humana insolente. Esse jogo está apenas começando.

O ar ficou pesado, como se a própria sala tivesse parado de respirar. O riso dele se dissolveu em um silêncio denso, e de repente as velas ao redor se acenderam sozinhas, projetando sombras vivas pelas paredes.

— Já que insiste em brincar com o Diabo… — disse ele, erguendo lentamente a mão.

As chamas das velas se ergueram, dançando como se obedecessem apenas à sua vontade. O calor aumentou, e o livro em minhas mãos tremeu sozinho, como se quisesse escapar.

Dei um passo para trás, mas ele avançou, lento, como um predador saboreando o medo da presa.

— Vê? — sua voz ecoou, profunda, quase múltipla. — Eu não apenas domino este lugar… eu sou este lugar.

As paredes pulsaram, como se respirassem. O teto pareceu se afastar, e o chão tremeu sob meus pés.

— Está com medo agora, humana? — perguntou, com um sorriso perverso, os olhos brilhando em escarlate.

Meu coração disparava, minhas pernas tremiam… mas algo em mim se recusava a dar a ele o prazer de ver minha rendição.

— Um pouquinho. — respondi, tentando soar desafiadora, embora minha voz falhasse. — Mas… eu já estive em lugares piores.

Ele inclinou a cabeça, divertido, e em um piscar de olhos desapareceu da minha frente. Senti seu sopro frio na nuca.

— Lugares piores? — murmurou em meu ouvido, tão perto que arrepios me percorreram inteira. — Então permita-me tornar este… o pior de todos.

Um estalo ecoou, e correntes surgiram do nada, se arrastando pelo chão como serpentes. Elas se enrolaram em meus tornozelos e pulsos, frias e pesadas, prendendo-me contra a parede.

— Agora… — Valentae aproximou o rosto do meu, seus olhos vermelhos faiscando em puro prazer. — Mostre-me… até onde vai sua coragem.

As correntes apertavam meus pulsos, mas de repente começaram a perder força, enfraquecendo como se o próprio metal estivesse cansado. Olhei confusa para os elos, que se dissolviam em fumaça diante de mim.

Valentae deu um passo para trás, o sorriso dele se desfez, substituído por uma expressão de fúria contida.

— Maldição… — murmurou, a voz mais grave, quase quebrada. — Eu dormi por séculos… e agora sinto… essa fome insuportável.

Ele levou a mão ao próprio peito, como se o coração queimasse, e cambaleou um pouco. Sua pele, antes firme e cheia de poder, parecia mais pálida, marcada pela fraqueza.

— Sangue. — rosnou, fixando os olhos em mim, como uma fera à beira do colapso. — É disso que eu preciso… é tudo o que me resta.

Meu corpo gelou. O ar entre nós vibrou, e eu o vi avançar, os olhos vermelhos em chamas, a respiração pesada como de um animal faminto.

Instintivamente, recuei até sentir minhas costas contra a parede. Meu coração martelava como um tambor, e eu sabia que ele me atacaria a qualquer instante.

Ele ergueu a mão, pronto para me segurar… mas no exato momento em que se aproximou, o lugar onde eu havia mordido sua pele brilhou intensamente.

Um feixe dourado pulsou no ponto da marca, espalhando-se como fogo vivo.

Valentae gritou baixo, recuando como se tivesse sido queimado. Suas veias tremeram sob a pele, e ele caiu de joelhos, apoiando-se com dificuldade.

— De novo… esse maldito selo… — rosnou entre dentes, os olhos vermelhos apagando por instantes, voltando ao negro profundo. — Como é possível que uma simples mordida me aprisione assim?!

Eu encostei ainda mais na parede, respirando ofegante, mas uma sensação estranha tomou conta de mim: medo, sim… mas também uma pontada de poder. Pela primeira vez, não era só ele quem ditava as regras.

— Talvez… — arrisquei, ainda sem acreditar no que via — talvez você não seja tão invencível quanto pensa, Valentae.

Ele ergueu os olhos para mim, exalando ódio e fraqueza ao mesmo tempo. E, pela primeira vez, sua voz saiu rouca, quase humana:

— Maldita… você não faz ideia do que despertou.

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