Às 18h03, atravessei o pátio lateral da universidade.
Não corri.
A pressa confessa mais do que palavras.
E hoje, eu não estava ali para confessar — estava ali para ser ouvida.
O campus estava quase vazio, tomado pelo silêncio transparente que antecede uma decisão importante.
Um vento frio atravessava as árvores, fazendo-as balançar como se estivessem esperando algo — ou alguém — se partir.
Eu parei diante da porta de vidro da biblioteca privada.
A mesma porta onde tudo começara.
Onde eu havia sido provocada pela primeira vez — não pelo desejo dele, mas pelo meu.
Respirei fundo, ajustei o casaco nos ombros e empurrei a porta.
Thomas estava lá dentro, de costas para mim, diante da janela alta que dava para o jardim interno.
O reflexo dele se misturava ao vidro: um vulto de elegância contida, mãos nos bolsos do casaco como quem prende o corpo para não deixar a alma cair.
— Você veio. — A voz saiu sem virada de rosto, baixa, controlada, como se ele tivesse ensaiado e ainda assim estivesse