O silêncio dentro da van parecia mais alto do que qualquer conversa poderia ser. As luzes da cidade passavam pela janela como faixas de luz cortando o escuro, e eu me peguei observando meu próprio reflexo — não por vaidade, mas porque sentia que não era mais a mesma mulher que embarcou nessa viagem.
Dante estava ao meu lado, concentrado, com aquela postura impecável que era quase irritante. Ele não falava, mas a presença dele já era suficiente para encher o espaço — forte, elegante, calculada.
Eu tentava controlar minha respiração, mas cada movimento dele ativava algo em mim que eu ainda não sabia nomear.
— Está tensa? — ele perguntou sem desviar os olhos da estrada.
— Não — menti.
A resposta saiu rápido demais, e eu me amaldiçoei por isso.
Ele finalmente virou o rosto na minha direção. Seu olhar pousou em mim como se estivesse avaliando mais do que palavras — intenção, estado emocional, controle.
— Mentirosos geralmente piscam mais rápido — ele observou, com um traço quase inv