O silêncio na sala de treinamento parecia carregar eletricidade. As luzes eram mais baixas ali, quase intimistas demais para um ambiente corporativo. Dante estava de costas para mim, as mãos apoiadas na mesa, respirando fundo como alguém tentando manter controle — mas falhando.
A porta se fechou atrás de mim com um clique suave.
Ele não se virou imediatamente.
— Achei que fosse ignorar — disse, finalmente.
— Pensei nisso — respondi, tentando soar firme, mesmo com o coração batendo rápido demais. — Mas você mandou, não pediu.
Ele girou o corpo devagar, e quando seus olhos encontraram os meus, senti o chão ficar instável.
— E você veio — disse ele. — Mesmo sabendo que não deveria.
— Você também sabe que não deveria ter me chamado.
— Eu sei — admitiu com uma sinceridade que eu nunca tinha ouvido nele. — Mas estou cansado de fingir controle quando eu já o perdi.
O ar ficou pesado, quase denso.
Ele deu alguns passos em minha direção, e cada um parecia marcar uma decisão que não p