Max Voyaller, conhecido como Lobo, é um homem que esbanja charme e carisma, colecionando sorrisos e corações por onde passa. Por trás de sua fachada descontraída, existem cicatrizes profundas que ele prefere esconder. Liberdade sempre foi sua maior prioridade, e ele nunca permitiu que nenhuma mulher se aproximasse o suficiente para desafiá-lo. Até que Anijah surge em sua vida como um furacão — uma russa insolente, teimosa e intrigante, que não aceita ser domada. Anijah cresceu à sombra da máfia russa, conhecendo desde cedo a dor e a perda. Destinada a seguir os planos de seu pai, ela sempre soube que sua vida não lhe pertencia. Mas quando seu irmão assume o poder, ela descobre que o verdadeiro inferno não é apenas um conceito abstrato — é uma realidade que ameaça consumi-la. No perigoso jogo de poder e vingança, Max e Anijah se tornam peças de um tabuleiro onde confiança é um risco e desejo pode ser uma armadilha fatal. Ele não quer amarras. Ela não aceita submissão. Mas quando seus destinos colidem, ambos descobrem que há batalhas impossíveis de vencer — e sentimentos impossíveis de ignorar.
Ler maisMax
Horas antes
— O que aconteceu? Estou ocupado com alguns assuntos do porto — informo, observando Dante, que está sentado em seu escritório.
— Temos assuntos sérios para serem resolvidos. — Mudo minha postura para alerta com o tom de Dante, que passa a mão na nuca, incomodado. — Recentemente, recebi uma ligação de Fabrízio…
— Um Ragno, sério? Teremos que mostrar quem manda novamente? — questiono, incrédulo.
— Deixe-me explicar — pede: — Fabrízio informou que, há alguns dias, Salazar comprou uma jovem que chegou nos navios cargueiros de Amalfi, e Jack confirmou a informação na noite do jantar, mas não queria criar alardes antecipadamente. Porém, a situação é delicada.
— Tráfico humano no nosso território desde quando? O que Salazar está pensando? Ele é um soldado de alto escalão, deveria estar fiscalizando os navios que chegam em Amalfitania e não ajudando o tráfico humano. — Falo indignado, e a raiva me consome.
Dante assente, compartilhando da minha indignação.
— Exatamente. Isso é uma violação direta das nossas regras e não podemos permitir que continue. Se deixarmos passar, estaremos enviando uma mensagem de fraqueza.
Minha mente trabalha rapidamente, considerando as implicações. O tráfico humano era algo que havíamos jurado erradicar do nosso território. Era uma questão de princípios e de controle. Não podíamos permitir que alguém dentro da nossa própria organização traísse esses valores.
— Precisamos agir rápido. — Digo, minha voz firme. — Primeiro, precisamos confirmar todos os detalhes. Onde a jovem está agora? Quem mais está envolvido? E, mais importante, como vamos lidar com Salazar?
— Há meses venho percebendo que seus relatórios são diferentes e não condizem com o que recebemos de outros soldados das localidades. Então, pedi para Jack ficar de olho em suas movimentações. Há algumas semanas, Jack percebeu que Salazar retirou grandes quantias de várias contas que possui. Mas ele é esperto e comprou um iate pessoal, na tentativa de maquiar o valor retirado. No entanto, Jack cavou mais fundo e descobriu outra conta associada a Salazar Bolotari, na qual ele usa um nome falso, e depositou o restante do dinheiro, movimentando valores para contas distintas.
— Não estou gostando do rumo dessa conversa — confesso, encostando-me na poltrona para observá-lo melhor.
— Jack seguiu os rastros digitais até a Rússia. Depois, ele disse que tudo se perde, ou seja, tem alguém limpando o sistema, e alguém realmente bom, não é qualquer um que consegue barrar Jack.
— Você acha que Abramovitch está envolvido nisso? — questiono.
— Por um momento, acreditei que sim, mas descartei a possibilidade ao descobrir quem era a garota que veio parar em nosso território quando Jack me mostrou as fotos, e Fabrízio insistiu em ligar.
— Espere, isso está confuso. Por que Fabrízio está se envolvendo? Jack já fez todo o serviço, está me deixando preocupado, irmão. Deixe-me ver essas fotos logo. — Falo, por fim.
— Fabrízio está se envolvendo porque ele tem muitos compradores na Costa de Amalfitania, e essa situação pode respingar até mesmo nele. — Dante j**a as fotos sobre a mesa, e arregalo os olhos ao ver a gravidade da situação: a jovem de cabelos desbotados, amarrada, amordaçada e caída ao chão, nua, com a tatuagem de um escorpião ocupando uma grande extensão de suas costas me faz ter a certeza de que estamos lidando com uma russa. Não uma russa qualquer, mas com toda certeza um membro direto da família principal.
— Está brincando comigo, Dante? Não brinque, droga! — Levanto-me no mesmo instante. — Essa menina é provavelmente irmã de Russo Abramovitch, e você sabe que não se brinca com aquele homem. Ele não tem escrúpulos. Se essa menina for realmente membro da família Abramovitch, precisamos ligar para nossos aliados imediatamente, pois você entende que quando ele descobrir que ela está na Itália, virá com força total para cima de nós. Afinal, foi um dos nossos homens que pagou por ela. Onde Salazar estava com a cabeça ao pensar em pegar um membro de sangue da família russa?
— Nós temos Durval, Edgar e outros ao nosso lado, mas essa não é a questão.
— Sim, temos, e eu não duvido nem um pouco da capacidade ofensiva de Durval e da persuasão de Edgar, mas estamos falando de Abramovitch. Nem me importaria se fosse qualquer outro, pois, apesar de tudo, eles pensam antes de agir, mas Russo não tem limites. Ele é inescrupuloso: mata só para ver o tombo, ou seja, vai nos atacar com tudo o que tem. E você sabe muito bem que a capacidade ofensiva dele é admirável, ele usa nossos navios para movimentar suas transações. Quando essa bomba estourar e esse desgraçado bater em nossa porta, eu quero estar armado até os dentes, porque mesmo tendo um contrato de aliança conosco, o fato de essa menina estar aqui e nessas condições, vai dar motivos suficientes para ele nos atacar como um leão sem medo das consequências e com a porra da total razão, pois se fosse a minha irmã, eu faria o mesmo.
Dante se levanta, com expressão séria e determinada.
— É exatamente por isso que você está aqui. — disse Dante, cruzando os dedos sobre o queixo enquanto me encarava.
Ofereci a solução mais sensata antes de qualquer abordagem amigável que Dante estivesse pensando em propor:
— Não entendo aonde quer chegar, mas se me chamou aqui para montar estratégias de combate, pode ter certeza de que já tenho uma solução bem rápida e prática para você: enfia bala nele primeiro, antes que ele faça isso conosco.
Dante:
— Não vamos iniciar uma guerra contra Abramovitch. Nós vamos salvar a garota e entregá-la ao irmão e, de brinde, daremos Salazar Bolotari para que ele retire as informações que desejar. Mas antes, teremos uma conversa bem amigável na sala 371 e, então, ele servirá de exemplo para todos os outros que acham que podem mexer os pauzinhos pelas nossas costas, achando que não estamos vendo.
— Não acredito que vou ter que salvar a garota. — Falo irritado.
— Você é o único fluente em russo, sabe que entendo algumas coisas, mas não sei falar. Portanto, não serei de grande serventia para a comunicação com a garota. Quando ela chegar, cuidaremos de seus ferimentos e descobriremos como ela veio parar na Itália. Afinal, é muito estranho Abramovitch estar tão quieto.
— Não gosto desse plano, mas se é o que você quer, tudo bem. Vou trazer a garota e tentar um interrogatório amigável, pois Abramovitch não costuma falar sobre seus familiares, e seria interessante descobrir algumas coisas de primeira mão. Mas já adianto que odeio essa ideia. — Volto meu olhar para a fotografia que estava sobre a mesa, vendo as costelas salientes da garota encolhida ao chão.
Não era por mal que não gostava da ideia, mas pelo simples fato de que, quanto menos nos envolvermos com os russos, melhor.
Continuo observando a imagem e uma ponta de pena atinge o mais profundo do meu coração. Ela provavelmente deve ter ficado semanas sem comer, e não sei por que diabos isso me incomoda tanto. Talvez por me lembrar dos treinamentos de Donatel, quando Royal e eu éramos jovens. Mas não gosto de ver uma mulher nessas condições, tão vulnerável e exposta dessa forma, ainda mais sendo um membro de sangue puro. Isso influencia diretamente em sua imagem e eu não deveria me importar com isso, mas me importo, pois poderia ser um dos nossos.
— Não mostre essas fotos para mais ninguém. — Observo meu irmão, que fecha os olhos soltando o ar com força.
— Não chegará até Abramovitch se é o que está imaginando. — Dante afirma, e entendo os motivos por trás dessas palavras.
Ela é uma filha da máfia, e sua pureza tem que ser mantida a sete chaves, pois os contratos de casamentos só acontecem quando a jovem é dada virgem. Ter seu corpo tão exposto dessa forma irá manchar sua imagem. Afinal, que homem quer que sua esposa seja exposta para outros verem? Isso é posse e domínio que correm dentro do nosso mundo. Pessoas como Abramovitch, tão ligado às raízes, ficariam furiosas com imagens tão explícitas e comprometedoras que, de um lado, rebaixam o moral de seu clã, e, de outro, diminuem o dote por levarem a questionamentos sobre a virgindade de sua imaculada irmã após esse sequestro. Esses pensamentos me enjoam, mas esse é o nosso mundo e as coisas, infelizmente, são assim. Não para nós, homens, mas para as mulheres, sim, principalmente em países como a Rússia, que seguem tão fielmente as tradições. Com essas imagens, ela perderá seu valor dentro da família, e garotas sem perspectiva de serem negociadas em casamentos arranjados são descartáveis.
— Vá logo arrumar suas coisas. O helicóptero sai em quarenta minutos. — Dante observa o relógio, e eu apenas concordo com um aceno de cabeça, seguindo para o meu quarto.
Não que eu estivesse muito contente com esse resgate, pois tinha outros planos para o final de semana, mas Dante parece gostar de frustrar nossos planos, ainda mais quando envolve festa, bebida e curtição. Por culpa dessa russa enxerida, estou perdendo um final de semana e tanto.
Enquanto arrumo minhas coisas, penso no que está por vir. Sabia que esse resgate não seria fácil, mas também sabia que era necessário. Precisávamos proteger a garota e, ao mesmo tempo, garantir que nossa posição não fosse comprometida. Era um jogo delicado, e cada movimento precisava ser calculado com precisão.
AnijahDuas semanas depoisFaz duas semanas que não tenho contato direto com Max. Ele tem me evitado e procura se manter o mais distante possível. O que posso fazer? Nada, é óbvio. Afinal, sou uma prisioneira, e prisioneiros não têm direito a falar ou questionar. Além disso, o que eu diria? Toda a culpa é minha por envolvê-lo em uma guerra com meu irmão e Lazarev.Em compensação, estou mais próxima de Jessye e Eva, ainda mais de Jessye do que de Eva, pois ela está me ensinando a falar italiano. Nessas últimas semanas, aprendi muita coisa, e não estou exagerando. Tinha tempo livre de sobra e não havia nada mais interessante para fazer do que estudar. Então, é exatamente isso que faço: estudo.Com isso, consigo entender boa parte do que Eva conversa comigo, mas ainda sinto muita dificuldade em me comunicar. Sou persistente e não desistirei até entender cem por cento de toda a conversa. Pode ser que eu não consiga responder com veemência, mas entender, entenderei.Confesso que sinto falt
Não sei o que se passa por sua mente naquele momento, mas acredito que seja algo terrível, que lhe causa dor e desespero, pois sua respiração se altera, e ele ofega, apertando ainda mais os dedos contra o pobre estofado. Falar do meu irmão talvez traga lembranças de seu próprio passado.— Max… — chamo sua atenção, e seus ombros relaxam quando seus olhos recaem sobre mim. Aperto os lábios, querendo compreendê-lo, mas sei que ele não permitiria, então me mantenho em silêncio.— Continue. — Ele apoia a mão sobre a testa.— Quando meu pai faleceu, Russo assumiu o poder e fez muitas mudanças. Ele matou muitos homens que não concordavam com seus métodos e criou seu próprio exército. Tentou me vender no momento em que completei dezoito anos, mas minha mãe não permitiu. Por incrível que pareça e apesar de tudo que ela fez a ele, ele ainda a respeitava, ou fingia que respeitava. Como ela estava doente, não quis contradizê-la. O câncer a consumia dia após dia, e ele sabia que ela morreria em br
AnijahEstava inquieta e assustada; não sabia como seria minha conversa com Max. Meu estômago revirava de ansiedade e desespero. Parte da minha liberdade dependia daquela conversa, e era frustrante ter que passar por isso para me sentir minimamente livre.Solto o ar com força, olhando para o teto do quarto. Ele havia saído e não havia voltado, o que me deixava ainda mais inquieta. Mordo os lábios ao lembrar do beijo, do seu corpo forte e viril pressionando o meu contra o mármore. Todo o meu corpo estremece. Deus, se Russo soubesse que beijei Max, eu estaria morta. Com certeza, ele me mataria com as próprias mãos, sem hesitar. Mas foi tão bom…Remexo-me na cama com as lembranças e salto no instante em que ouço a porta se abrir. Ao ver minha reação, o homem imponente, de cabelos molhados, me observa com a sobrancelha arqueada, desconfiado.— Suas reações são sempre extremas com qualquer aproximação — diz ele, caminhando até a poltrona em frente à cama.— Sei que não sou bem-vinda nesta
MaxApós sair do banheiro, enfiei a primeira roupa que encontrei na frente e saí feito um furacão. Precisava esfriar a cabeça e diminuir a ereção marcada na calça de moletom, a única maneira que encontrei de fazer isso foi ir à academia e socar com toda a minha força o saco de boxe pendurado em uma sala de treinamento vazia.Eu queria silêncio absoluto para focar meus pensamentos e esquecer daquele beijo inexperiente, mas que me acendeu de tal forma que a ereção pesada entre as minhas pernas ainda dói.Agradeci aos céus por nenhum dos meus irmãos aparecerem e por nenhum soldado me interromper, mas mesmo suado e fatigado a situação do meu amigo continuava a mesma, armado e pronto para batalha.— Droga! — Acerto o saco várias vezes com tanta força que sinto meu braço e minha costela doer e aquilo não ia rolar, precisava foder ou enlouqueceria com a porra da vontade de jogar a russa de quatro naquela cama e mostrar a ela como é bom ter um macho para pegá-la de jeito, para ensiná-la cada
— Você não deveria dizer isso. — A rouquidão em sua voz envia um arrepio direto para o meio das minhas pernas, fazendo meu centro pulsar, e aquela era uma sensação nova para mim.— Desculpa, você tem razão, é que eu nunca… — deixo as palavras morrerem, e ele volta a olhar para mim com compreensão, mas ainda mais desejo e luxúria do que antes.Aquele olhar aquecia cada partezinha do meu corpo de uma forma inexplicável, enviando ondas de desejo pelo meu organismo, fazendo minha calcinha ficar cada vez mais úmida e quente.— Nunca viu um homem nu antes? — questiona e concordo com a cabeça, extremamente envergonhada. — E quer me tocar porque está curiosa?— Sim, mas não é só por isso… — Desvio o olhar do seu, completamente constrangida e, quando menos espero, uma de suas mãos envolve minha cintura, grudando meu corpo no seu, fazendo sua ereção dura feito pedra pressionar contra meu abdômen. A outra mão envolve meus cabelos, e seu nariz para em meu pescoço, inspirando profundamente. Minha
AnijahO passeio com Eva foi incrível. Há muito tempo não me divertia como me diverti hoje. Além disso, Jessye falava um pouco de russo, o que nos aproximou, e eu amei conhecê-la. Ela não era fluente, mas me entendia bem, o que me deixou feliz e animada, já que ninguém além de Max conseguia me entender naquela casa. Isso era frustrante, especialmente quando eu não queria vê-lo nem pintado de ouro depois da nossa conversa.Talvez eu tenha exagerado ao despejar tudo sobre ele daquela maneira em um rompante de raiva, mas o que ele queria? Acusar-me de egoísmo era fácil quando ele sabia apenas um por cento de como minha vida era ridiculamente medíocre.Jess afirmou que me ensinaria italiano e nossas aulas começariam o mais breve possível, ou seja, amanhã. Achei o máximo essa interação com elas. Nunca tinha tido amigas de verdade, apenas pessoas que se diziam amigas, mas eram interesseiras ou simplesmente tinham medo do meu pai por saber quem ele era.Minha vida foi regrada de todas as man
Último capítulo