Capítulo 234
Ruth
(Dia seguinte)
Amanheceu chovendo.
Aquela chuva mansa que parece não querer incomodar, só lembrar que o tempo passa — mesmo quando a gente não quer.
Levantei antes de todo mundo. Costumo acordar rápido, não gosto de perder o controle nem sobre as primeiras horas do dia. Na casa de Albert Jones, tudo parece ter uma voz própria: o rangido do piso, o barulho do café sendo coado na cozinha, o tic-tac do relógio na parede. É o tipo de som que avisa que a casa tem história… e fantasmas.
E um desses fantasmas, infelizmente, ainda é ela — a mãe da Violet.
A mulher que ele amou de verdade.
A única, pelo que todo mundo diz.
Abracei os braços, tentando espantar o frio e também essa sensação de desconforto que não me larga desde ontem à noite. Albert pode disfarçar com aquelas frases calmas e o sorriso cínico, mas eu sei quando um homem deseja e quando ele sente. Ele me deseja — disso não tenho dúvida —, mas só o corpo.
E, pior, talvez nem saiba