Capítulo 245
Ruth
Acordei com o cheiro de café. Demorei alguns segundos para entender por que o corpo estava tão leve — e por que, mesmo cansada, eu me sentia descansada. A razão respirava do meu lado, de bruços, um dos braços estendido pela cama como quem reivindica a metade inteira do mundo.
Albert dormia de um jeito que eu nunca tinha visto em nenhum homem perigoso: sem defesas aparentes. O rosto, mais jovem do que a noite anterior, tinha perdido o travo de dureza; a boca, menos contida. Tive vontade de tocá-lo só para confirmar que era verdade. Toquei. A ponta dos meus dedos percorreu o ombro, a curva do trapézio, parou na nuca. Ele murmura algo baixo — meu nome, acho — e um sorriso rápido passou, daqueles que não se dão em público.
Sentei devagar, puxei a camisa dele do chão e vesti como se fosse um casaco de território conquistado. O tecido grande demais caiu na metade da coxa; dei dois passos e o frio bom do piso me acordou por inteiro. As marcas na pele eram nos