O céu ainda guardava resquícios dourados do entardecer quando Min Jae-Hyun fechou a última caixa de peixes frescos, cuidadosamente limpos e preparados, deixando à mostra a textura translúcida do atum, o brilho úmido do salmão, a firmeza do polvo recém-capturado naquela manhã. A brisa salgada da vila acariciava-lhe o rosto, enquanto ele ajeitava cada insumo sobre o balcão de madeira, como um artista que organiza suas tintas antes de pintar.
De onde estava, no restaurante, via o movimento da praia: os jovens jogando frescobol, casais deitados nas cangas coloridas, turistas caminhando descalços pela areia morna. Mas não era por eles que seu olhar buscava.
Desde aquela troca de olhares na feira de artesanato, os olhos castanhos daquela mulher carioca — forte, arredia, ao mesmo tempo frágil — haviam se alojado em sua memória com uma intensidade que nem mesmo ele conseguia compreender.
Foi tirado do devaneio por um toque discreto no ombro.
— Jae-Hy