Bruna caminhava pela orla da vila com passos apressados, como se pudesse, na velocidade das pernas, escapar daquilo que pulsava dentro dela — aquela vibração silenciosa, ardente, que se instalara logo após o olhar cruzado na feira. O vento morno vinha do mar, enroscando-se nos fios do seu cabelo solto e acariciando-lhe a pele exposta com uma ternura quase zombeteira, como quem sabe, intimamente, da batalha que ali se travava: o desejo novo e súbito contra os fantasmas antigos, ainda incrustados no corpo. De tempos em tempos, ela parava, como agora, no ponto em que a areia se tornava mais grossa e quente, e fitava o oceano à sua frente — um azul vasto, sem bordas, sem limites, como o turbilhão que, naquele momento, inundava seu peito. Ainda sentia, como uma impressão física, o arrepio que percorreu sua espinha quando os olhos daquele homem — estrangeiro, enigmático, belo — haviam tocado os seus. Não fora apenas uma troca de olha
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