O sol começava a erguer-se lentamente sobre a vila, aquecendo as fachadas coloridas das casas e desenhando arabescos dourados sobre a areia ainda fria da manhã. A brisa era leve, quase preguiçosa, e o som das ondas quebrando suavemente ao longe compunha uma trilha delicada para aquele início de dia.
Gabi caminhava descalça pela trilha de areia que levava até a nova casa de Bruna. O vestido branco e leve ondulava contra suas coxas, revelando discretamente os contornos do corpo bronzeado e marcado por noites de entrega e dias de trabalho intenso. Seus olhos, porém, estavam opacos, sombreados por olheiras que denunciavam as poucas horas de sono e o peso que trazia no peito desde a noite anterior.
Cada passo parecia um esforço, não pelo caminho em si, mas pelo que carregava dentro: o rompimento silencioso, o quarto solitário da pousada, a ausência do toque de Luca, do cheiro dele, da presença que preenchia seus dias desde que haviam decidido se mudar para a vila.<