O aroma do café recém-passado se espalhava pela cozinha aberta da casa de Bruna, misturando-se ao cheiro de maresia que entrava pelas grandes portas de vidro escancaradas para o quintal, onde as folhas das bananeiras dançavam ao vento. O sol da manhã entrava tímido, desenhando sombras líquidas sobre o chão de cimento queimado.
Bruna serviu duas xícaras, colocando um pouco de mel na dela e deixando a outra pura, como Gabi sempre preferia. A amiga estava sentada sobre uma das banquetas altas da cozinha, com as pernas cruzadas e os dedos distraidamente traçando círculos sobre o tampo de madeira maciça.
Havia uma inquietude no corpo dela, como se as palavras quisessem sair, mas ainda não encontrassem passagem. Bruna observava, em silêncio, reconhecendo aquele estado que conhecia tão bem — a confusão que se instala quando as certezas se despedaçam e só restam os desejos brutos, ainda sem nome.
— Aqui — Bruna disse, oferecendo a xícara.
Gabi sorriu