O fim de tarde descia sobre a vila com a mesma suavidade de sempre: as cores quentes do céu se diluindo no azul profundo do mar, os barcos ancorados balançando lentamente e o cheiro de sal pairando, preguiçoso, pelas ruas de areia. Mas, naquela tarde, havia algo diferente — um silêncio pesado que parecia contrastar com a beleza do cenário.
Gabi arrastava a mala pequena pela estrada que levava à pousada onde ficaria temporariamente. Os chinelos afundavam na areia fofa, e cada passo parecia mais difícil que o anterior, como se a bagagem não estivesse apenas nas mãos, mas impregnada em cada parte do seu corpo.
O vento quente brincava com as pontas do vestido leve, enquanto ela mantinha o olhar fixo à frente, os olhos marejados, mas firmes.
Horas antes, a discussão com Luca fora inevitável, como um temporal que se forma no horizonte sem que ninguém consiga detê-lo. Por dias, ou talvez semanas, pequenos desencontros vinham se acumulando: o cansaço das aula