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quando o frio não contém o calor

O silêncio entre as árvores não era paz.

Era expectativa.

Selena andava devagar, os pés descalços afundando na terra úmida, sentindo cada raiz, cada galho como parte de algo maior.

Algo vivo.

Algo atento.

Ela sabia que ele estava por perto.

Não porque o ouvia — mas porque o sentia.

O vínculo entre eles era uma corda invisível, esticada até o limite.

Qualquer passo em falso… e quebraria.

Ou se romperia em fogo.

— Vai continuar me seguindo? — ela perguntou, sem virar o rosto.

A resposta veio em silêncio.

Rurik saiu das sombras como se sempre fizesse parte delas.

Não disse nada.

O olhar dele pousou nela como uma carícia quente demais.

Demorada demais.

E pesada.

Tão pesada que ela mal conseguiu respirar.

Ela não recuou.

Mas também não avançou.

— Isso é uma péssima ideia — murmurou.

— É a única ideia que temos — ele respondeu.

Silêncio.

A distância entre eles era mínima.

Mas parecia ter um mundo no meio.

Feito de mágoa. Instinto. Vontade contida.

Selena fechou os olhos.

Só por um segundo.

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