A floresta se calava diante dela.
Não por respeito. Mas por instinto.
Selena caminhava com os pés descalços, a capa negra balançando contra o corpo nu sob o tecido. As árvores, antes vivas, agora se encolhiam à sua passagem, os galhos abrindo caminho como se temessem tocá-la. Ou talvez a reconhecessem.
O templo das Primeiras Filhas não era visitado havia mais de um século. Não por falta de tentativa, mas porque, depois da traição original, as bruxas selaram os caminhos. Apenas uma herdeira de sangue direto conseguiria romper as proteções.
Selena era essa herdeira.
E, pela primeira vez, desejava não ser.
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Horas antes, Rurik a observava em silêncio.
Não tentou detê-la. Não porque confiava na jornada — mas porque entendeu o risco.
E porque ela pediu.
— Se eu não voltar… — ela havia dito, com os olhos fixos nos dele — você saberá que ele me tomou.
— Eu não deixarei isso acontecer. — ele respondeu, a voz rouca, grave.
— O que acontece dentro do templo não pode ser detido com garras, Rur