O silêncio depois do FISP era diferente de qualquer outro.
Não era o tipo de silêncio vazio, morto. Era um silêncio cheio — preenchido por vozes que ainda ecoavam na memória, risos que pareciam ter ficado pendurados nos galhos das árvores e luzes que, mesmo apagadas, insistiam em brilhar dentro da gente.
A lua ainda estava no céu, meio preguiçosa, meio cúmplice, filtrando sua luz pelas frestas da janela do nosso quarto.
Zoe estava com os pés no meu colo, completamente à vontade, os cabelos soltos sobre os travesseiros bagunçados. O moletom que ela vestia era meu, claro, e estava enorme nela. Isso deveria ser ilegal. Ninguém devia ter o direito de ser tão bonita em roupas emprestadas.
— Acho que nunca comi tanto em um festival — ela murmurou, a voz arrastada pelo sono e pelo contentamento.
Passei os dedos pelo calcanhar dela, distraído. — Você provou aquele pão de mel com recheio de frutas vermelhas?
— Não. Você escondeu de mim?
— Não. Eu comi antes que você visse. O que é diferente.
E