O céu da aldeia estava cinzento, como se os deuses soubessem o que se passava nos corações daqueles que ali viviam. O som do vento balançava as folhas secas, e Damon, pela primeira vez em muito tempo, não andava de cabeça erguida. Seus passos eram lentos. Seus ombros, curvados. Carregava nos olhos a sombra do que foi — e nas mãos, a vontade de recomeçar.
Ele observava Kai de longe. O menino treinava com os outros jovens. Corria entre as árvores, pulava obstáculos, ria. Mas havia algo nos olhos dele — uma distância. Uma barreira.
Damon esperou o treino acabar. Quando Kai se afastou para beber água, ele se aproximou devagar.
— Posso falar com você um pouco? — a voz saiu baixa, como se temesse ser rejeitado.
Kai o olhou. Havia uma maturidade ali que não combinava com a idade.
— Se for rápido. — respondeu.
Eles sentaram numa pedra próxima ao riacho. Damon olhava o fluxo da água, como se procurasse coragem nela.
— E