O dia mal havia começado quando um lobo apareceu na fronteira da aldeia, sangrando pelas patas. O peito arfava. Trazia uma cicatriz aberta e os olhos tomados por terror.
Aurora correu ao seu encontro, acompanhada por Othar e três curandeiras.
— Quem fez isso? — ela perguntou, ajoelhada.
— Agnes... — ele sussurrou, cuspindo sangue. — Ela vem... disse que vai matar você com as próprias mãos. Que vai apagar o nome da chama da história.
Aurora não tremeu. Levantou-se com o sangue dele ainda nas mãos.
— Levem-no para a cabana das ervas. Que viva. Ele merece ver a ruína dela.
No mesmo instante, ela convocou todas as mulheres da aldeia. As guerreiras, as mães, as órfãs crescidas. As que perderam maridos. As que ergueram filhos sozinhas. As que jamais abaixaram a cabeça.
Reuniram-se em círculo ao redor da clareira, onde o símbolo da árvore ancestral estava desenhado no chão com cinzas da antiga aldeia. O fogo ainda ard