O dia amanheceu com o cheiro fresco da mata molhada e o som do rio correndo ao fundo. Aurora acordou com o rosto de Kai colado ao seu. Ele ainda dormia, as mãos pequenas agarradas à manta de lobo como se fosse o maior tesouro do mundo.
Ela sorriu.
Saiu da cabana em silêncio, respirou fundo, e agradeceu por mais um dia. O céu estava limpo, o ar leve. Pela primeira vez desde o retorno, ela sentia o peito menos apertado. Ainda havia dor, sim. Mas havia também algo que parecia paz.
Pouco tempo depois, Kai acordou com energia. Pulava entre as pedras, corria entre as tendas e ria alto.
— Mãe! Mãe! Vamos nadar?
Aurora, com um sorriso discreto, balançou a cabeça.
— Você nem sabe nadar, garoto.
— Mas quero aprender!
Ela o levou até o rio. A água estava gelada, mas limpa. Tirou o vestido e entrou só de roupa de baixo. Kai hesitou, os dedinhos tocando a água com uma careta.
— Tá frio!
— Lobos também enfrentam frio. Vai, guerreiro.
Ele mergulhou de qualquer jeito. Espirrou água nela. Aurora riu.