Nas profundezas da floresta proibida, um segredo há muito enterrado desperta. A jovem de cabelos brancos e capa vermelha sempre soube que sua existência era um erro, um mistério guardado pela avó e protegido pelo Caçador. Mas quando o sangue da lua derrama sua luz sobre a terra, ela descobre que seu destino já foi traçado. Uma antiga profecia a condena: "Se não caçar o lobo, será caçada por ele." Os lobos a sentem. Seu cheiro deveria estar oculto, mas a névoa sussurra seu nome. O Alfa Supremo, uma fera de olhos dourados e presas marcadas pelo tempo, a persegue com um propósito claro. Ela é sua noiva. Sua ruína. Sua salvação. Forjada pelo Caçador para ser uma assassina e prometida ao Alfa para ser sua rainha, ela é a peça final de um jogo mortal. O véu vermelho que a cobre não pode protegê-la para sempre. Ela deve lutar. Correr. Escolher. Mas o que acontece quando a caça deseja o caçador tanto quanto ele a deseja? Quando o desejo e a fúria se entrelaçam, não há saída, apenas a queda. Um deles deve sucumbir. Mas quem será a presa no fim?
Leer más"Se eu não o caçar, serei caçada."
As palavras reverberavam na mente de Althea Duvrai, um sussurro da própria lua, uma sentença cravada em sua alma desde o nascimento. Seu coração martelava contra as costelas, o ritmo acelerado ecoando na floresta, pulsando junto ao chamado inevitável.
Seus dedos envolviam o cabo frio da lâmina de prata—uma arma forjada por suas próprias mãos, selada com magia e com uma única gota de seu sangue.
O sangue amaldiçoado.
O sangue pelo qual a lua clamava.
O sangue da profecia.
A Lua de Sangue estava próxima.
Ela podia senti-la nas marés invisíveis que corriam sob sua pele, no arrepio gélido que subia por sua espinha, na brisa cortante que sussurrava seu nome entre os galhos retorcidos da floresta.
Naquela noite, a caçada começaria.
Nem mesmo sua capa vermelha, tecida com encantamentos antigos para ocultar seu cheiro, seria capaz de protegê-la agora. O véu da maldição havia sido rasgado. E ele sabia.
Ele sentia.
Em algum lugar entre as sombras e os uivos que dilaceravam o céu, Rhaeven Dravenhart esperava.
Althea sabia que não haveria fuga.
Ou ela traria ao fim o reinado do Alfa Supremo…
Ou sucumbiria a ele.
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A lua se erguia, imponente e faminta, tingindo o céu com um vermelho escarlate, a cor do sangue e da maldição. Seu reflexo brilhava nos olhos de Althea Duvrai, tão feroz quanto o destino que a aguardava. A mesma cor de sua capa, que a protegia do frio... e dos lobos.
Seu cheiro era seu maior inimigo.
Por mais que tentasse escondê-lo, sabia que naquela noite tudo mudaria. A Lua de Sangue se aproximava, e ele a sentiria.
Althea havia sido treinada desde a infância por Theon Morvain, o caçador que deveria ter sido seu carrasco, mas que, ao invés disso, a tornou uma guerreira.
Ele a ensinou a matar lobos.
A preparou para enfrentar seu destino.
Mas naquela noite, sob a lua cheia, ela estava distraída.
— Mais rápido, Thea! — A voz de Theon cortou o ar como uma lâmina. — Mais força! Mais precisão!
Ela girou a lâmina, mas não foi o suficiente. Num movimento ágil, ele desarmou seu golpe e a prendeu contra uma árvore, seu corpo pressionado contra o dela.
— Você está descuidada hoje, Thea. — murmurou, os olhos verdes como as profundezas da floresta fixos nos dela.
Althea respirou fundo, afastando do rosto uma mecha de cabelo branco como a neve, expondo o brilho dourado de seu olhar — um brilho que sempre o atraíra mais do que deveria.
A verdade era que Theon deveria tê-la matado.
Ela era um risco. A profecia era clara. Althea Duvrai traria a ruína — para os humanos ou para os lobos. Não havia outra escolha. Não deveria correr o risco.
Mas, desde que a conheceu, nunca conseguiu tirar os olhos dela. Talvez fosse egoísmo. Talvez fosse algo mais profundo, algo que sussurrava para que ele escolhesse a vida, ao invés da morte.
— A Lua de Sangue... — Althea murmurou, a respiração entrecortada pelo esforço. — Está chegando.
Theon ficou em silêncio por um instante. Ele já sabia.
Ele sempre soube.
Ele só não sabia se conseguiria protegê-la... ou se teria que ser ele a pôr um fim na profecia.
Mas, naquele momento, tão perto dela, sentindo seu cheiro, sua pele, sua presença intoxicante, só uma certeza o atravessava como uma lâmina afiada:
Ele não conseguiria deixá-la ir.
— Talvez… devêssemos fugir.
Não era a primeira vez que ele sugeria aquela alternativa. Irem para o Reino da Neve Eterna ou o Reino da Rosa. Qualquer lugar que os levasse para longe dali.
— Você sabe que não posso…
E ela sempre respondia da mesma maneira. Sua avó se recusava a deixar a casa onde havia sido criada. Ysolde queria o melhor para sua neta, é claro, mas como Guardiã ela sabia que não adiantava fugir de seu destino. E Althea sabia o dela desde que aprendera a falar.
Theon suspirou, afastando-se alguns passos. A distância era uma necessidade cruel, um lembrete constante de que jamais poderia tocá-la como queria. Não sem condená-los.
— Você sempre diz isso — murmurou, cruzando os braços. — Mas não é o destino que está te segurando aqui, é ela.
Althea o encarou, sentindo a verdade naquelas palavras. Sim, sua avó se recusava a partir. Sim, havia um dever a ser cumprido. Mas, no fundo, havia mais. Algo ancestral e inevitável queimando em suas veias, prendendo-a àquele solo como se tivesse nascido para sangrar nele.
— Eu pertenço a este lugar, Theon. — Sua voz saiu mais baixa do que pretendia.
Ele a fitou, os olhos carregados por uma sombra que não era apenas frustração, mas algo mais escuro. Algo próximo do medo.
— E se esse lugar for o seu túmulo?
O silêncio se instalou entre eles. Apenas o uivo distante dos lobos cortava a noite.
Calista apertou os dedos em torno do cabo de sua lâmina de prata, sentindo a pulsação da magia — de seu sangue — vibrar sob sua pele. Ela sabia que ele tinha razão. Desde o momento em que a profecia foi murmurada pela primeira vez, soube que sua vida sempre seria uma contagem regressiva para o inevitável.
— Ele já está vindo, não está? — murmurou, sem encará-lo.
Theon não respondeu. Ele não precisava. O aperto de sua mandíbula e a tensão em seus músculos diziam o suficiente.
Thea sentiu o frio se espalhar por sua espinha. Rhaeven Dravenhart já a estava caçando.
Ela ergueu os olhos para a Lua de Sangue, deixando que seu brilho vermelho incendiasse sua pele. Ele já sabia onde ela estava.
Ela sentia isso.
Ele sentia isso.
E a caçada havia começado.
Sem pensar duas vezes, ela eliminou o espaço entre eles, seus lábios encontrando os de Rhaeven em um beijo que não era apenas desejo, mas uma promessa.Ele correspondeu imediatamente, seus braços envolvendo-a com uma urgência quase desesperada. O beijo aprofundou-se, tornando-se algo primitivo e incontrolável, como o próprio vínculo que compartilhavam.Quando finalmente se separaram, ambos ofegantes, Rhaeven pressionou sua testa contra a dela.— Eu te quero, Althea. — Ele murmurou, sua voz rouca de desejo. — Não apenas por esta noite, mas por todas as noites que estão por vir.Althea sentiu seu corpo responder às palavras dele, um calor se espalhando por suas veias como fogo l&i
Era uma lua quase cheia — apenas três noites faltavam para o ritual sob o Carvalho Antigo. Três noites que decidiriam o destino não apenas dela e de Rhaeven, mas de seus povos inteiros.Os últimos dias haviam sido uma sequência de preparações intensas. Sob a orientação paciente de Elara, Althea aprendera a controlar melhor suas visões, a direcioná-las em vez de simplesmente ser arrastada por sua corrente caótica. Com Rhaeven, praticara a arte da conexão mental, cada sessão mais profunda que a anterior, cada toque de mentes deixando-os mais vulneráveis um ao outro.Um ruído suave à porta interrompeu seus pensamentos. Não precisava virar-se para saber quem era — o vínculo entre eles havia se fortalecido tanto que podia sent
Althea hesitou apenas por um momento antes de aceitar sua mão e levantar-se. Juntos, moveram-se silenciosamente pelos corredores de pedra, seus passos ecoando suavemente na quietude da noite. Rhaeven a guiou através de passagens cada vez menos frequentadas, descendo até que o ar se tornasse mais frio e úmido.— Onde estamos indo? — Ela perguntou, sua voz baixa respeitando o silêncio que os envolvia.— Ao coração da alcateia. — Ele respondeu enigmaticamente, seus olhos brilhando com um conhecimento antigo.Finalmente, chegaram a uma porta circular de madeira antiga, entalhada com símbolos que Althea não reconhecia. Rhaeven pousou a mão sobre ela, murmurando palavras em uma língua que ela nunca havia ouvido antes. A porta se abriu com um rangido de protesto, revelando uma câmara circular iluminada por tochas de chama
Althea permanecia acordada, sentada na beira da janela de seu novo aposento, observando a lua. Seus dedos traçavam distraidamente a marca da profecia em seu pulso, uma cicatriz que parecia pulsar com vida própria sob o toque suave da luz lunar.— Não consegue dormir? — A voz grave de Rhaeven preencheu o espaço.Althea balançou a cabeça, voltando seu olhar para a janela.— Como poderia? Sou uma humana em um ninho de lobos que sonham com minha morte.Rhaeven aproximou-se, mantendo uma distância respeitosa, mas próximo o suficiente para que seu calor a alcançasse.— Nem todos sonham com sua morte. — Seu olhar seguindo o dela para a lua. — Alguns sonham com possibilidades.Um sorriso
Kaira se aproximou novamente, seu cajado de madeira antiga batendo ritmicamente contra o chão de pedra.— A criança das visões... — Ela murmurou, mais para si mesma do que para os outros. — Uma ponte entre dois mundos.Bran folheou rapidamente um livro antigo que trazia consigo, seus dedos enrugados traçando linhas de texto amarelado.— Há uma parte da profecia que raramente mencionamos. — Ele disse, sua voz grave ecoando no salão silencioso. — 'Da união do impossível nascerá aquele que unirá os reinos divididos. Da destruição virá a criação'.Elara ofegou, sua mão apertando a marca em seu rosto. Murmúrios de ultraje percorreram a multidão, mas foram novamente silenciados pelo olhar severo de Rhaeven.— Continue. — Ele ordenou, sua voz mais suave do que pretendia.— Mas agora... — Althea hesitou, algo vulnerável passando por seus olhos. — Agora não tenho mais certeza. As visões que compartilhei com Rhaeven... elas sugerem um destino diferente.Foi a vez de Elara se manifestar, aproximando-se com a graça fluida que caracterizava a vidente.— Que visões são essas? — Ela perguntou, sua curiosidade claramente despertada.Rhaeven sentiu-se tenso. Estava prestes a interromper, a proteger aquele segredo íntimo que haviam Capítulo 12 - O Desejo de Vingança
Último capítulo