O silêncio dentro da cabana de Damon era sufocante. Nem o fogo crepitava. Nem os grilos ousavam cantar do lado de fora. Tudo ali parecia ecoar o que estava dentro dele: vazio.
Desde o conselho, ele não havia falado com ninguém. Não respondeu aos anciões. Não discutiu. Não buscou Aurora. Apenas ficou ali, sentado no chão, encarando a madeira crua, como se cada nó no tronco fosse um erro seu.
Ele se lembrava da cerimônia com Aurora. Da lua mudando de cor. Da forma como ela o olhou na noite de núpcias. Dos olhos dela cheios de esperança. E da forma como ele destruiu aquilo com uma única frase.
— Não confunda piedade com amor…
Sussurrou essas palavras como se elas ainda queimassem sua garganta. Quis gritar, mas engoliu o grito como engoliu a vida: com orgulho, com raiva, com medo de ser menos.
Depois veio o silêncio. A traição. Agnes. O beijo escondido. O toque errado. O medo de perder o controle. O orgulho de fingir que sabia o que estava fazendo. E então… a queda. A guerra. A dor.