— Saia daqui, Dante — sibilei, apertando o lençol contra meu peito, sentindo meu rosto queimando de vergonha… de raiva… e de algo que eu me recusava a nomear.
Ele deu dois passos firmes em direção à cama, cruzando os braços.
— Este quarto também é meu, Isadora.
Engasguei com o próprio ar. O cheiro dele já tomava conta do ambiente, madeira, couro, e aquele perfume amadeirado que parecia cruelmente calculado para me desarmar. Aquele cabelo desfeito, a blusa branca marcando o seu corpo.
— Tudo isso — ele abriu os braços, a voz baixa e grave — a mansão, os móveis, o restaurante onde você trabalha, até essa cama em que você está deitada... tudo me pertence. Inclusive a liberdade que você pensa ter.
Me levantei de imediato, furiosa, apertando o lençol contra o corpo como se aquilo pudesse me proteger dele. De mim.
— Pode ficar com tudo, Dante. Com suas paredes frias, seus negócios podres, com o orgulho inflado e essa mania de se achar Deus.
Dei um passo na direção a meu vestido, determinad