— Ele voltou agora, cheio de olhares, julgamentos… acha que manda em tudo. E no fundo, manda mesmo. Porque tudo é dele. Tudo. — Ele balançou a cabeça, com uma risada amarga. — E agora ainda me olha como se eu fosse um moleque irresponsável. Como se não pudesse tocar em nada sem estragar.
— Enzo… você pode construir seu próprio negócio. Criar algo seu. Assim, não precisa depender dele.
Ele virou o rosto lentamente na minha direção. Depois riu. Alto.
— Criar? Isa, você acha que é assim tão fácil virar milionário? Você acha que dá pra sair por aí e montar um império do nada?
— Eu acho que trabalho nunca me assustou. Eu faria. Se fosse preciso. Estou disposta a isso.
Ele virou mais um gole do uísque. Sua expressão mudou de novo. Os olhos marejados, pesados de sono e álcool.
— Não preciso disso. Quando o velho morrer… tudo vai ser nosso mesmo. Tudo passa pra gente. Pra mim. Eu só tenho que aguentar até lá.
As palavras dele me cortaram por dentro. Olhei para Enzo como se o visse pela primei