Só isso...
ISADORA ALENCAR
O cheiro de pólvora ainda impregnava minhas narinas.
Meus dedos tremiam ao redor da arma. Ela pesava como chumbo na minha mão, como se fosse um fardo do qual eu nunca mais conseguiria me livrar. Meus olhos fixos em Enzo, que cambaleava para trás, a mão tentando alcançar o ombro ensanguentado.
Ele caiu sobre a cama como um boneco de pano — fraco, derrotado, humano.
A respiração me faltou. O quarto girou.
— Meu Deus… — sussurrei, a voz fraca, como se eu fosse outra pessoa. — Eu… eu só…
O som do meu próprio coração abafava tudo. Era como um tambor em guerra, ensurdecedor. O gosto metálico na boca, a garganta seca, as pernas quase cedendo.
E então, braços.
Os braços dele.
Dante.
Seu corpo colidiu com o meu num abraço feroz. Seus olhos buscaram os meus com desespero e ternura, como se quisesse me reconstruir só com o olhar.
— Tá tudo bem, amor. Tá tudo bem... — ele murmurava, sua voz rasgando minha alma como uma canção de acalanto e dor. — Você só se defendeu. Você salvou a