Dante Tavares
A noite estava pesada. Silenciosa demais.
Mas o silêncio não escondia tudo. Eu havia escutado. As paredes daquela casa têm ouvidos — e o sobrinho que criei como um possível sucessor esquecia disso.
“Quando ele morrer, tudo será meu.”
As palavras de Enzo foram ditas com a arrogância juvenil de quem nunca soube o que era construir algo com sangue e sacrifício. A voz dele me cortou mais do que um punhal. Tão certo estava de que meu fim estava próximo. De que herdaria tudo. A casa, os hoteis, o restaurante, os carros, os negócios… E Isadora.
Mas foi ela quem me surpreendeu.
Aquela garota que eu julguei leviana, confusa, manipulável — ela falou em construir. Propôs abrir um negócio novo, no nome deles. Disse que não queria viver à sombra de nenhum sobrenome, que queria ser dona do próprio destino.
Aquilo me atravessou como um raio. E por um segundo… só por um maldito segundo, eu duvidei do julgamento que tinha feito dela.
Será que me enganei?
Será que sob toda aquela carne ma