ISADORA TAVARES
Se alguém me dissesse anos atrás que eu terminaria assim — deitada num campo florido, com um bebê mamando em meu peito, outro chutando o barrigão e o mais velho correndo atrás do pai no meio do pomar — eu teria rido. Ou chorado. Talvez os dois.
Mas aqui estou.
Vivendo uma paz que parecia impossível.
Sendo chamada de “mamãe” vinte vezes por hora.
Amada de um jeito que ainda me parece surreal.
Dante construiu uma casa com as próprias mãos — ou melhor, com a força da vontade dele. Longe da cidade, do concreto, dos contratos. Uma casa com varanda de madeira, balanço de corda e cheiro de bolo toda tarde.
Ele diz que foi aqui que descobriu o que era viver.
E eu? Eu só posso agradecer.
O restaurante cresceu tanto que agora tenho uma equipe que cuida de tudo, enquanto eu me divido entre panelas e fraldas. Ainda escrevo receitas de madrugada, ainda sonho alto, ainda brigo com os fornecedores quando atrasam os morangos. Mas agora eu volto pra casa com o coração cheio, sabendo q