As Garras do Véu
Era como se o mundo tivesse sido refeito em cinzas.
Sob minhas patas, a terra pulsava um calor escuro e doentio, como se cada passo dado no VĂ©u extraĂsse uma parte da minha alma. As ĂĄrvores sussurravam coisas que eu nĂŁo compreendia â palavras em lĂnguas mortas, entoadas por vozes que jamais deveriam ter sido ouvidas.
Eu â ou melhor, Lunara â corria ao lado de dois lobos imensos.
Zahor, vermelho como um pĂŽr do sol banhado em sangue, avançava com precisĂŁo e elegĂąncia. Seus olhos eram como brasas vivas, iluminando a trilha que se retorcia Ă nossa frente. Korran, por outro lado, era a noite encarnada. Negro como a ausĂȘncia de luz, seu corpo exalava um poder antigo, como se o prĂłprio tempo se curvasse diante dele.
Ăramos trĂȘs forças em perfeita sincronia. TrĂȘs ritmos selvagens, trĂȘs destinos entrelaçados.
Mas o VĂ©u nĂŁo nos recebera como aliados. Era um territĂłrio vivo, com uma consciĂȘncia prĂłpria, e sentia Ăłdio da nossa presença. Como se o fato de estarmos ali fosse uma of