Os Sussurros do Sangue

O céu começava a se abrir quando voltamos para a mansão. As nuvens densas que cobriam a floresta se afastavam aos poucos, permitindo que os primeiros raios dourados da manhã tocassem as árvores ainda marcadas pela batalha.

Cada passo que eu dava dentro da propriedade me fazia sentir o peso da história que ela guardava. As paredes antigas, as colunas esculpidas, o chão de madeira rangendo sob nossos pés… Tudo parecia diferente agora. Não mais sombrio ou ameaçador. Era como se, após a tormenta, o lar também estivesse se curando.

— Esta casa sempre pertenceu à sua linhagem — disse Rafael, que caminhava um pouco à frente de mim e de Marco. — Ela foi construída com sangue de Luna. Literalmente.

Eu parei.

— O quê?

Ele se virou, os olhos verdes brilhando com algo entre reverência e dor.

— Sua ancestral, Lysara, construiu esta mansão como um templo de proteção. Usou magia antiga, proibida até mesmo para os Anciãos da época. Ela misturou seu próprio sangue aos alicerces,