Reflexos do que Fomos
Acordei antes da aurora.
O corpo ainda vibrava do toque da Deusa.
As marcas prateadas em minhas mĂŁos nĂŁo desapareceram.
Elas pareciam vivas.
Mudavam de forma, pulsavam com a luz.
E dentro de mim, Selyra⊠silenciava.
> âEstou aqui, mas vocĂȘ estĂĄ alĂ©m.â
Me ergui da cama, nua, ainda sentindo o gosto do sangue de Kael nos lĂĄbios, como se a noite anterior tivesse marcado mais que nossa pele â tivesse fundido nossas essĂȘncias.
Mas o que agora me queimava por dentro nĂŁo era desejo.
Era poder.
Cru e antigo.
Feminino e cruel.
Algo que nĂŁo pedia permissĂŁo para existir.
Caminhei até os espelhos do Salão Lunar.
Antigos.
AltĂssimos.
Feitos de prata pura.
Diziam que refletiam não apenas o corpo⊠mas a alma.
E que diante deles, nenhuma mentira sobrevivia.
Sozinha, retirei o manto.
Me encarei.
Pele branca, corpo marcado pelas escolhas, cabelos soltos como mar.
Mas quando ergui as mĂŁos, os espelhos reagiram.
As superfĂcies tremeluziram, como se fossem ĂĄgua.
E então⊠mostraram.
Vi