Vozes no Sangue
O luto tomou a mansĂŁo como um veneno lento.
Darian fora queimado ao nascer do sol, como Ă© costume entre os de sangue nobre.
Seu corpo envolto em peles lunares, os olhos fechados com prata, a boca selada com juramento.
Maelis nĂŁo disse uma palavra.
Apenas permaneceu ajoelhada atĂ© a Ășltima chama consumir os ossos.
Kael ficou ao meu lado, o punho cerrado, os olhos vermelhos.
Mas nĂŁo de choro.
De fĂșria.
â Foi Rafael â ele disse. â VocĂȘ viu.
â Eu vi⊠ele junto ao vinho.
â E mesmo assim nĂŁo o confrontou?
â Ainda nĂŁo.
â Por quĂȘ?
â Porque preciso de provas, Kael.
E porque⊠se for verdade, ele não agiu sozinho.
Kael virou o rosto.
â Eu vou matĂĄ-lo se for.
â NĂŁo serĂĄ vocĂȘ.
SerĂĄ eu.
Naquela noite, o santuĂĄrio da mansĂŁo pareceu mais frio.
Mesmo com as lareiras acesas e os incensos queimando, o ar era pesado.
Toquei os espelhos, mas eles recusaram mostrar.
Como se as visÔes tivessem se fechado.
Selyra sussurrou dentro de mim:
> âA prata se esconde quando a verdade sangra.â
Entrei n