Onde a Morte Tem Voz
Na noite seguinte ao Conselho, dormi pouco.
Não era cansaço.
Era presságio.
Selyra se contorcia sob minha pele, como se algo — ou alguém — a chamasse de volta para um lugar onde jurava nunca mais voltar.
O pergaminho com a marca da serpente repousava sobre a mesa.
Mas era como se queimasse, como se vibrasse com uma energia que não pertencia a este tempo.
Nem a este mundo.
Marco passou a noite à porta do meu quarto.
Não entrou.
Mas vigiou.
Seu cheiro no ar era protetor…
e inquieto.
Rafael, por outro lado, sumira desde o retorno.
Como se precisasse respirar longe de mim.
Ou do que nos tornamos.
Mas eu sabia:
ambos me sentiam.
E me temiam.
Por motivos diferentes.
Ao amanhecer, ouvi passos na floresta.
Não de humanos.
Nem de lobos comuns.
Algo entre os dois.
Algo quebrado.
Quando atravessei a névoa, eles estavam lá.
Cinco figuras.
Altas.
Cobertas por capas escuras, com as bocas costuradas, olhos marcados por sangue seco.
E uma presença tão gélida que o chão ao redor d