Quando a Lua Queima
A terceira lua nasceu vermelha.
Tão vermelha que parecia um olho rasgado no céu.
Uma ferida aberta.
Um presságio.
Do alto da sacada da mansão, observei seu surgimento em silêncio.
O vento estava mais denso.
A floresta, inquieta.
Os pássaros não cantavam.
Os lobos… uivavam.
Mas não em saudação.
Em aviso.
— Está começando — sussurrei.
Rafael surgiu atrás de mim, envolto em seu manto vinho, os olhos verdes fixos na lua como se ela o desafiasse.
— Ele vem por você hoje.
— Eu sei.
— Vai encontrá-lo?
— Já estou com ele, Rafael.
De um jeito que não sei explicar.
Selyra caminhava sob minha pele como uma chama viva.
E mesmo Marco, que mantinha distância desde minha transformação completa, sabia que algo estava se rompendo entre nós.
Não por falta de amor.
Mas por excesso de destino.
— Ele não quer apenas falar, Alice — Rafael alertou. — Ele quer tomar. Reclamar. Possuir.
— Eu também quero respostas.
E talvez, um pedaço dele também me chame…
de volta.
Caminhei sozinha até a