A Pele que Rasga o Céu
A floresta me chamou antes da terceira lua nascer.
Mas dessa vez, nĂŁo com sussurros.
Com rugidos.
Acordei ofegante, os olhos dourados sob a pele humana.
Selyra jĂĄ havia tomado parte de mim â nĂŁo com violĂȘncia, mas com urgĂȘncia.
Algo estava prestes a acontecer.
Algo que nĂŁo podia esperar.
Marco e Rafael dormiam, exaustos das Ășltimas noites.
NĂŁo tive coragem de acordĂĄ-los.
Desci as escadas como uma sombra.
A mansĂŁo parecia me observar.
E naquele instante, senti que ela compreendia:
era chegada a hora da minha primeira transformação completa.
A floresta se abriu diante de mim.
Cada folha sussurrava meu nome.
Cada raiz se curvava sob meus pés.
Selyra nĂŁo rugia.
Ela guiava.
Como uma loba antiga, prestes a voltar para casa.
O santuĂĄrio apareceu entre as ĂĄrvores, escondido por cipĂłs e pedras cobertas de musgo.
Era um cĂrculo de pedras negras, cobertas por runas prateadas.
No centro, uma fonte cristalina.
E ali, diante dela,
estava ela.
A loba original.
Aquela que a Rai