Entre Dois Instintos
A caverna havia se calado.
As paredes ainda carregavam o cheiro do confronto, mas os ecos da guerra se apagavam com a brisa da noite que invadia o lugar pelas fendas abertas no alto.
Eu estava no centro.
Entre eles.
Marco ajoelhado, com os olhos baixos, o corpo coberto de feridas e a alma marcada por algo que nenhum lobo sabia curar.
Rafael em pé, observando com olhos verdes que pareciam conter todas as perguntas do mundo — e nenhuma resposta.
Selyra se recolheu em mim, exausta… mas desperta.
Kael também estava em silêncio, ferido, mas vivo.
Zahor, vigilante, mantinha-se em alerta dentro de Rafael, como se soubesse que o pior ainda viria — não de fora, mas de dentro de nós.
— Você nos salvou — Marco disse por fim, a voz rouca, como se cada palavra lhe custasse sangue.
— Não — corrigi suavemente. — Eu apenas… me escolhi.
Ele levantou os olhos.
E ali, naquele instante, o Marco que me rejeitou não existia mais.
O homem diante de mim era outro.
Um que havia lutado con