— Eu chamo ela. Mas ela está encrencada! — Lalinha disse, abrindo o portão.
Natan, curioso, entrou. Parou na porta da sala, nostálgico. A casa era exatamente como a sua no passado: simples, com a pintura gasta e uma atmosfera de vida humilde. Lalinha correu até o banheiro, bateu na porta e gritou:
— Tataaaa, seu amigo tá te chamando!
Ela voltou com o pudim em um prato, sentou-se no sofá surrado e ofereceu:
— Você quer um pedacinho? Eu divido. Não sou mesquinha. Entra, senta aqui. Não tem televisão, a gente vendeu. Pra me levar no médico caro, eu tô doente, sabe?
Natan, curioso, recusou o pudim e perguntou:
— O que você tem?
Lalinha o olhou com a inocência de uma criança.
— Não sei do quê. Ouvi minha mãe dizendo que pode ser câncer. Não sei o que é. Então a gente vendeu muita coisa. Até o micro-ondas, você acredita?
Natan ficou sério, surpreso com a franqueza da menina.
— Nossa. E você vai à escola?
Lalinha sorriu, revirando os olhinhos.
— Claro, né? Mas eu não gosto, nadicaaa. Desde q