Acordei com o som da chuva batendo na janela. Por um momento, pensei que tudo o que aconteceu na noite passada tinha sido um sonho — o toque das mãos dele, o calor da pele, o som do seu coração misturado à minha respiração. Mas o lençol amarrotado e o perfume dele ainda preso no travesseiro provaram que não era sonho.
Era real. E ele se foi.
O quarto parecia um campo de batalha depois de uma guerra que ninguém venceu. As roupas espalhadas, o colar em volta do meu pescoço, o ar pesado de um “adeus” que nunca foi dito. Sentei-me devagar, o corpo dolorido e a alma em ruínas. Esperei ouvir um som, uma voz, o barulho da janela sendo aberta por ele — mas nada.
Apolo havia ido embora antes de eu acordar.
Por um tempo, fiquei ali, abraçada ao lençol, tentando entender por que ele não ficou. Por que não quis me ver acordar. Talvez porque, se tivesse olhado nos meus olhos, não teria conseguido partir. Ou talvez porque já tivesse decidido que o mais fácil seria fugir antes que eu percebesse o