NARRAÇÃO DE PETRINA...
Meu corpo não reagia bem. O coração batia descompassado, apertado, aflito — como se algo dentro de mim já soubesse. Faltava ar.
Miguel havia saído às pressas. Sem despedidas. Sem explicações. Algo grave tinha acontecido.
Saí do banho com a toalha enrolada ao corpo. A cama, ainda desarrumada, guardava vestígios da paixão que havíamos acabado de compartilhar. Mas agora, só o silêncio me fazia companhia.
A bolsa, mais uma vez, havia ficado no carro. Resmunguei baixinho e vesti novamente sua blusa — não apenas por falta de roupa, mas por uma necessidade urgente de sentir seu cheiro. Decidi pedir ajuda a Lara. Temos o mesmo corpo, qualquer peça que ela me emprestasse me serviria. Eu só queria me sentir vestida. Protegida.
Procurei por ela pela casa e a encontrei no quintal, ao lado de Andrea, recolhendo lenha. A manhã estava fria, e a sala de estar, completamente vazia.
— Lara — chamei com a voz trêmula.
Ela se virou devagar, com os braços cheios de pequenos galhos.