O dia amanheceu abafado, o ar denso e parado como se até o vento tivesse medo de se mover. O céu trazia um tom acinzentado, prenúncio de chuva, mas o que realmente pesava era o clima na fazenda. Desde o dia anterior, um silêncio desconfortável pairava entre Rafael, Isabella e Álvaro — o tipo de silêncio que antecede as tempestades.
Rafael tentava concentrar-se no trabalho, mas a cada vez que via Álvaro por perto, o sangue fervia. O primo estava sempre lá: perto do curral, ajudando Isabella com algo, ou “por acaso” passando por onde ela estava.
Naquele dia, Isabella limpava o bebedouro das novilhas quando Rafael se aproximou com um balde.
— Pode deixar que eu termino isso. — disse ele, tentando soar tranquilo.
— Tá tudo bem, Rafael. — respondeu ela, sem erguer o rosto. — Eu já tô quase acabando.
Álvaro apareceu por trás, sorrindo.
— Que mulher trabalhadeira, não é? Nem o sol do meio-dia faz ela parar.
Rafael se virou devagar, o tom da voz dele baixo, mas carregado.
— Alguns ajud