O almoço na fazenda sempre era o momento em que todos se reuniam ao redor da grande mesa de madeira. A comida simples — arroz, feijão, legumes da horta e carne assada — tinha um sabor que só o campo podia oferecer. Mas, naquela tarde, o ambiente parecia carregado.
Álvaro puxou a cadeira e se sentou ao lado de Isabella sem pedir licença, como se aquele fosse o lugar dele desde sempre. Rafael, que chegava com as mãos ainda marcadas de terra do trabalho, hesitou por um instante antes de se acomodar em frente a eles.
— Prima, você ainda faz aquele doce de leite que aprendeu com a sua avó? — perguntou Álvaro, com um sorriso que soava mais ensaiado do que espontâneo.
Isabella ergueu os olhos da travessa que servia.
— Faço, sim. De vez em quando.
— Ah, eu lembro bem... quando eu era moleque, roubava colheradas escondidas da panela. — ele riu alto, como se recordasse um tempo feliz — Você sempre foi uma garota prendada.
Rafael engoliu em seco, forçando-se a cortar um pedaço de carne no