Narrado por Zalea Baranov

A escuridão já era minha única companheira.

O tempo, meu algoz silencioso.

E agora, o silêncio ganhava uma nova forma: a de um possível coração que batia dentro de mim.

Não sei se você existe.

Talvez seja só uma esperança boba, um delírio que inventei para não enlouquecer por completo.

Mas todas as noites, quando Zaiden fecha aquela porta de ferro e o mundo volta a me pertencer, mesmo que por minutos, eu me pego falando com você.

— Ei… você aí… consegue me ouvir? — sussurro, deitada no chão frio, com as mãos sobre o ventre.

— Eu não sei seu nome. Nem sei se vai ter um. Mas gosto de imaginar que você existe. Porque se você existir, eu ainda sou metade viva.

Fecho os olhos. Imagino Leonid.

Seu toque firme.

Sua voz dizendo meu nome como se fosse oração e possessão ao mesmo tempo.

— Ele te chamaria de sol, mesmo que fosse tempestade… — digo baixinho.

Zaiden havia começado a ceder a um cansaço estranho nos últimos dias.

Não era físico. Era como se ele soubesse que