Narrado por Leonid Raskolnikov
O silêncio era um velho conhecido meu. E agora ele caminhava ao meu lado com mais intimidade do que nunca. Não era o silêncio leve da paz ou da contemplação. Era o silêncio que precedia o abate. O que sussurra nas paredes antes que o sangue escorra por elas. E ele me falava.
Falava de Zaiden.
Falava dela.
Zalea dormia a meu lado, mas minha mente permanecia desperta — cortante. Um predador em vigília, farejando o cheiro de uma ameaça ainda distante. Mas eu sabia. Eu sentia.
Algo estava por vir.
Levantei-me sem ruído, os pés deslizando no piso como se eu fosse apenas um vulto costurado à noite. Fui até a janela do quarto e acendi um cigarro. A fumaça se ergueu preguiçosa, mas em meu peito havia apenas tensão — densa, amarga, antiga. Eu era o filho da guerra. Aprendi a reconhecer o cheiro do caos antes que ele chegasse.
Zaiden estava se movendo.
Disso eu não tinha dúvida.
Ele não era o tipo de homem que aceitaria perder sem arrastar tudo ao seu redor para o