A fissura aberta atrás do Guardião parecia respirar.
Não era um corte na pedra.
Era um rasgo no mundo, como se o próprio espaço fosse uma pele antiga se abrindo.
O ar ficou pesado, quente e frio ao mesmo tempo.
Um vento que não vinha de lugar nenhum arrastou poeira pelo corredor, apagando toda luz azul.
Kael deu um passo para frente, instintivamente protegendo Lyria com o corpo.
Eran ergueu a lâmina, tenso como nunca antes.
— Isso não é um espírito — ele murmurou. — E não é uma criatura do portal.
O Guardião Sombrio se curvou diante da fenda, como se estivesse reverenciando alguém.
Lyria tocou o medalhão — que queimava como brasa viva.
— O que… está vindo? — ela sussurrou.
O Guardião virou o rosto sem olhos para ela.
— Aquele que existia antes dos herdeiros.
Aquele que moldou o poder.
Aquele que sua mãe traiu.
Eran arregalou os olhos.
— Não. Isso não faz sentido. Ele foi destruído.
O Guardião riu — um som baixo e monstruoso.
— Nada antigo morre.
Só dorme.
E ele… acor