O salĂŁo parece tremer, mas nĂŁo de mĂșsica.
De energia. De tensão. De desejo mal disfarçado e de poder escorrendo pelas paredes.
Valentina tĂĄ rindo.
Jogando a cabeça pra trås.
Champanhe na mĂŁo.
Fenda mostrando metade da coxa, cabelo vinho escorrendo nas costas nuas, sorriso de quem não sabe se se diverte⊠ou se tå prestes a ser devorada.
E Ă© aĂâŠ
Que o mundo dela desacelera.
O cheiro dele chega antes.
O som dos sapatos bem lustrados batendo no mĂĄrmore vem junto com aquele silĂȘncio que pesa.
Armand Delacroix.
Terno azul petrĂłleo.
Sorriso afiado.
Olhar de predador que não caça⊠ele escolhe.
Ele chega por trĂĄs.
Coloca a mĂŁo na cintura dela.
Firme. Precisa. Um centĂmetro alĂ©m do aceitĂĄvel.
Puxa devagar.
Inclina o corpo.
O rosto tão perto do pescoço dela que ela sente o calor da respiração dele na pele.
â A sua risada⊠â ele começa, voz rouca, venenosa, aveludada.
â ⊠deveria ser patrimĂŽnio tombado. Mas ainda bem que nĂŁo Ă©. Assim, pode ser adquirido⊠por quem estiver disposto a pagar o preço